Numa espera constante

ainda te sinto e vivo numa espera constante, mas ilusória 

 Posso não ser a tua alma gémea como dizias e eu sentia ser, mas sei que fui alguém para ti. Às vezes, queria não ter conhecido este sentimento, bonito mas que nos magoam profundamente quando se sente verdadeiramente. Há umas valentes semanas que não te vejo, que não tenho contacto contigo. Mantêm-se em mim a tentação de ir ao teu encontro, mas acalmo o coração quando ele bate e bate fortemente sem ter em consideração, o pensamento. Atrapalha, mas tantas em certas vezes, está mais certo.

     Felizmente, sinto que consigo em parte controlar-me. As insónias vivem em mim desde  aquele dia em que as nossas almas se desarmaram, porém consigo pensar em ti, sem que saibas que ainda tens este poder indomável em mim.

        Com saudade, recordo o que fui contigo e já não voltarei a ser. Costuma-se dizer que a "esperança é a última a morrer", concordo absolutamente,  tento acreditar que já não te sinto, mas sinto e sei que vou sempre sentir, mais que não seja uma saudade gigantesca no meu peito. Eu e tu,  tínhamos tanto ainda para dar um ao outro, hoje só resta uma velha canção , escuta atentamente, estas palavras que não passam mesmo disso, mas que são o reflexo dos pedaços que tento juntar no soluço da saudade.

        Eu sei, que o nosso amor pode ter morrido, mas nunca te esqueças que tu és o refrão da minha melodia. Embora que saiba te de cor, é a tua melodia que não me canso e oiço horas a fio memórias nostálgicas no eco das quatro paredes que ouvem silenciosamente o meu grito de revolta, a lágrima da minha saudade por teres sido o meu sorriso noutro presente. Choro desesperadamente por não te ter a meu lado e cada vez aceito ou tento aceitar que só poderei recordar-te conjugando o verbo no passado.

    O passado por mais saudade ou mágoa que nos traga, é sempre mais seguro. Sabes que eras o meu porto-de-abrigo, sem ti, sinto-me confusa e perdida. Talvez, é ridículo dizer que me sinto assim. Na verdade, eu sei que não tenho a menor dúvida que se me procurasses em dias que te lembras do que fui, voltaria sem deliberar num só instante, para ti. Confusões? Não existem, crio-as com ilusão, porque assim talvez não me magoa tanto e acredito em algo que não é puro.

   Aprendi que, quando se começa a sentir alguém dentro de nós, a gostar tanto de uma pessoa como de nós próprias, o tempo passa a uma velocidade tão veloz e incontrolável. O mesmo tempo, não acontece quando não se possui o elemento fundamental na história do diário da nossa vida. Assim, o tempo parece parar o mundo, ou o mundo te quem ama, porque é nesse momento que se sente que nada existe superior ao que se sente e o tempo tornar-se uma espera constante. Espera-se, alimenta-se esperanças, idealiza-se sonhos. Continuamos sempre à espera, quando amamos. E se o nosso amor for levado com o tempo, prendemo-nos às memórias soltas que o vento devia também ter levado e que não levou. Mas seja porque motivo for, quando amamos, esperamos. Quem ama na espera, aprende a não desistir, aprende a desejar mais e não esquece, aprende a sonhar e não alimenta a ideia que perdeu um grande amor.

   Quando conheci o que era gostar tanto de alguém,  aprendi que a vida se transforma numa estação de comboios, por vezes, descarrila, mas volta sempre ao ponto de partida, o céu cobre-se de cinza devido ao fumo das chaminés, mas com o passar de uns "segundos", o céu fica límpido, novamente. Era bom, que fosse assim, com a nossa relação. Mas o tempo não volta atrás e o caminho que tenho que seguir é para frente, desta vez, sem ti.

    Gostavas que soubesse que ainda te sinto (...), embora não devesse apaziguar este sentimento sob o meu peito, pensar em ti, não me faz bem, mas digamos que escrever sobre ti, liberta-me a alma. 

"A única coisa que vale a pena é fixar o olhar com mais atenção no presente; o futuro chegará sozinho, inesperadamente. É tolo quem pensa no futuro antes de pensar no presente"