quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Aos poucos e poucos

   Não estou a perder a inspiração, somente já não sinto a falta de me expressar sobre este sentimento que me invade, mas que aos poucos está habituar-se em viver num silêncio profundo. Estou a aprender a controlar os meus impulsos involuntários e sobretudo a conseguir domar este meu coração, que por vezes parece saltar-me do peito quando por inercia numa conversa o teu nome surge, contudo, acho que já consigo controlar essas reacções sentimentais. Aos poucos e poucos, sinto que te estás a tornar o que queria que fosses depois de tudo, uma recordação, ou melhor, a mais bonita delas. 
        As palavras que já me pronunciaste inúmeras vezes ao meu  ouvido, vou apagando-as da minha memória. São palavras que o vento levou e que com isso aprendi a não escutar apenas a voz irritante do coração e aprendi a seguir a razão, pode não ser a melhor solução ,mas assim evito uma nova ilusão. Está na altura de parar de alimentar esperanças , porque viver com o coração no passado é estar morto embora vivo, é ser ridículo. 
  A tinta vai secando em cada carta que escrevo e rasgo. Não vale a pena. Para que? Se nunca acreditaste em mim e no que dizia sentir, não é agora que irás acreditar, pois, porque ninguém muda, ninguém mesmo.Simplesmente as pessoas se revelam e posso afirmar que hoje em dia nada mas nada mesmo me surpreende.
    Não consigo mais. Desculpa, por não conseguir mais escrever para ti. Simplesmente, sinto cada vez este sentimento mais próximo de uma memória, falo assim porque é assim que quero que seja e é, acaba por ser.        Não quero ter imagens tuas péssimas no meu pensamento nem tão pouco palavras ditas sem coração, (quantas vezes as proferiste e esqueceste-te que estavas aqui, dentro e bem dentro de mim e me magoavas). 
    Ás vezes, é necessário afastarmos-nos de quem vive em nós para que consigamos estabelecer prioridades. Umas afastam-se, reflectem e voltam. Outras reflectem e acabam por não voltar. Não posso jurar que jamais voltarei para ti, já o fiz e acabei por voltar, não sei se foi um erro ou não, mas tu sabes que contigo tudo é e sempre foi diferente, nunca consegui explicar porque e assim por esse motivo foi por isso que foste aquele que me mudou sem eu querer. Ainda assim, sinto-me bem, apesar de sentir e por momentos de loucura, querer dizer-te tudo aquilo que ainda guardo nesta caixinha , as palavras estão bem unidas, tal como um dia os nossos corações foram apenas um só. Levaste a chave desta porta. Tentam abri-la, por vezes, mas ..há sempre um mas, sempre..
   Sabes, acho que este tempo da tua "ausência" e de uma certa ignorância, me está a fazer bem, ao menos não penso tanto em ti, o que me contenta, mas que não me deixa completamente tranquila. Para que apressar as coisas? Tudo têm o seu tempo, tal como nós um dia tivemos o nosso dia.
     Um dia, quem sabe, leias todas as minhas cartas de amor e entendas que uma história sem protagonista, não cativa, (Vais perceber o porque de eu ter feito apenas rascunhos e mais rascunhos e essas folhas, deixá-las levar pelo vento, assim como este sentimento que voa e paira em dias que me recordo de ti, da saudade). 
       És um diário de um rascunho de um passado e eu.. euuu?.. tenho que seguir em frente, como sempre o fiz de cabeça bem erguida e guardar todas essas cartas de amor, no baú e reaprender a escrever sobre os temas que me preocupam na vida, nomeadamente da actualidade, porque escrever para ti é iludir-me profundamente e antes quando não sabia o que era amar, escrevia, agora se escrevo és o tema e as palavras tornam-se tão repetitivas (...)
    Aos poucos e poucos, volto ao que fui, embora não na totalidade porque levaste o que de melhor eu fui, mas não posso ficar aqui, parada, imune à vida, à realidade

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