segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sorte grande

A noite já caiu. Confesso-te que o facto de não dormir nos teus lençóis, nessa tua cama que no fundo também já é minha e que tem já imbuído o meu cheiro, nem que seja uma única noite me conduz a um aperto no peito, forte que até chega a fazer gelar o sangue. Doí quando não te tenho perto mas acredita que ainda doí mais quando te tenho perto de mim e não sinto a mesma reciprocidade de ti. No fundo, eu conheço as razões de seres um ser frio e distante. A vida encarregou-se de te cicatrizar a alma. Contudo, tu conseguiste o que ninguém mais conseguiu. Conseguiste desbloquear o peito e isso não foi de facto de qualquer jeito.
Nunca as palavras ficaram prisioneiras na garganta, elas silenciam-se quando estou perto, talvez por medo de ouvir a tua resposta ou também por não saber como pronunciá-las. São verdadeiras e as mais sinceras de toda a minha vida, acredita. Por esse motivo colossalmente forte, não sei lidar por vezes com a situação. Não quero ser lamechas, nunca o fui, mas tornei-me sentimental. Apaixonei-me por ti e só por isso, torno-me chata. Os teus abraços tornaram-se o meu porto-seguro, as noites sem ti tornaram-se em insônias e ansiedade de saudade. Vivo de ti. Nunca o coração bateu a 200 km/ h, nunca ele quis ser um laço de afecto unido a outro, nunca ele quis ser viciado num sorriso, num olhar, no abraço. Sinto que a minha alma se acorrentou a ti.
Puxei-te inconscientemente para mim, porque bem no meu intimo eu sabia que tínhamos algo para dar um ao outro. Acho que a vida tem esse poder natural de fazer atrair e colocar no nosso mundo as pessoas que estavam "destinadas" não por vezes a darem certo, mas a continuarem sempre juntas.
Apesar de já te querer demais, tu sabes que criei uma barreira imaginária na minha mente pra não me apaixonar por ti. E em que resultou? Absolutamente em nada. Quando os sentimentos nascem, não há força superior que os controle no nosso interior. Ingenuamente, eu tentei lutar firmemente contra as leis da natureza,  competir ridiculamente com a maior e mais forte patologia do mundo, não diagnosticada, mas sentida para lá dos nossos poros, falo do amor.
A imensa estrada de quilômetros, não é um condicionante ao nosso amor, muito pelo contrário, faz-nos fazer tudo para estarmos perto um do outro. Na verdade, já é mais que amor ou amizade, é uma cumplicidade, é um querer-nos de verdade e quiçá para a futuridade.
Sabes.. esperei por ti , sem esperar. É contraditório, reconheço, tal como sempre fui a nossa relação. Se digo não, tu dizes sim.  A teimosia faz parte dos dois. É o facto de sermos cão-gato, que nos faz continuar sempre juntos, apesar das simetrias, que são apenas um detalhe.
Não és um romântico por natureza, sentimentalista não é uma das tuas características. Contudo, a espontaneidade e a sinceridade, fazem-me deliciar a alma. Esses dois elementos no seu conjunto fazem exprimir o que sou para ti , e eu saboreio-o esses momentos como um conto-de-fadas do qual espero nunca quero acordar. Apesar da tua rebeldia, soubeste-me tornar numa princesa. O teu olhar e o teu toque apertado, falam palavras que me beijam o peito. Apesar de não o manifestarem com palavras, demonstras-o em atitudes e pequenos gestos. Hoje em dia isso é escasso e só por ter alguém assim , considero-me uma sortuda. E foi nesse jogo da vida que sempre tive azar, mas foi nesse mesmo jogo que me saiu a minha maior sorte grande.



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