segunda-feira, 26 de julho de 2010

Como uma estrela

               A menina que foi trocando os brinquedos por maquilhagem


   Meu padrinho, às vezes dou por mim a falar sozinha, como se falasse contigo e tu me ouvisses, no fundo acredito que me ouves. Não existe ninguém neste mundo a quem eu tenha mais respeito, és a pessoa mais sagrada. Eu sei que lá de cima tu olhas para mim, continuas a proteger-me e por isso és o meu anjo da guarda.
   Lamento, nunca ter-te dito um simples "adoro-te", eu não poderia adivinhar o que o futuro me reservava. Com esse meu arrependimento, aprendi a dizer sempre aquilo que sinto, embora os meus olhos sejam o palco das maiores verdades. A tua partida foi crucial e deixou-me ainda mais revoltada com esta vida. Ninguém consegue apagar de mim, aquilo que foste. Pai, é quem cria não quem é o progenitor. Dá-me tanta vontade de voltar a estar contigo, tu és a minha estrela que brilha sempre no céu limpo, és uma estrela extinta e que continua a brilhar. Ensinaste-me tudo o que hoje sei e se eu hoje continuo a sorrir e a lutar por mim, sabes bem que é por ti.
   Quando sonho contigo, tu permaneces vivo, tal como és nas minhas memórias. Ontem , tu fazias anos. Ai, que saudades, que falta me fazes! Adorava ter-te aqui perto de mim, verias que hoje aquela menina alegre que gostava brincar às bonecas, foi trocando os brinquedos por maquilhagem. ainda assim, foi uma infância feliz,( tu fizeste parte dela), mas que mudou apenas no seu exterior, pois não sei se felizmente ou infelizmente permaneço a mesma pessoa no interior, sensível, sonhadora e sentimentalista.
     Recordo quando eu ficava até tarde na cama e tu ias lá ao quarto, acordar-me para ir tomar o pequeno-almoço contigo, me dobravas as mangas do robe azul com aquele carinho , carinho esse que nunca mais irei ter, mas contudo sei que a vida é muito injustiça, de facto é puro isso, porém, fez com que o meu caminho se cruzasse com o teu e isso eu orgulho-me , jamais conhecerei alguém tão puro como tu e digno desta grande e eterna saudade que nutro por ti.
    Lembro-me de estarmos a almoçar e por vezes vinha aquela conversa se sempre, era um tema que enfim eu não podia fugir , quando me confrontavas sobre a minha família e o meu futuro, os meus olhos estavam lagrimantes até que a pressão era tanta e eu não aguentava, chorava compulsivamente (por me lembrar desses momentos, quero apenas homenagear-te a ti e só a ti, quero seguir os meus sonhos e provar a toda as pessoas que duvidaram que eu seria alguém, devido às marcas do meu passado embora que eu não fosse culpada). A tua passividade era algo que marcou, hoje em dia, todas as pessoas têm o hábito de me levantar a voz, para me chamar atenção de certas e determinadas coisas. Mas tu.. tu falas comigo com aquela tua voz serena, nunca te exaltavas comigo, excepto quando a campainha não parava de tocar (eras as minhas amigas a ver de mim), lembraste quando vias o futebol e eu estava no chão da sala a brincar às barbies e tu querias passar e me derrubavas as casinhas que eu fazia com os livros da anita?
Enfim, permaneces e sempre permanecerás cá dentro




ADORO-TE POR TUDO O QUE FOSTE E ME ENSINAS-TE 

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