Do avesso

As melhores momentos da vida são sempre aqueles que acontecem por  mero acaso. Será algo escrito pelo destino ou não passa apenas de uma simples coincidência? Foi nesse olhar que te vi pela primeira vez.

Não esperava envolver contigo, apesar de te ter achado piada. Conheci-te num momento em que tinha decidido não estar mais por estar, porque isso não me aquece o coração. Mas a vida tem o prazer imenso de me trocar as voltas.

Num clima de desejo mútuo enfatizado pelos efeitos do alcool, os nossos lábios não conseguiram mais fugir um do outro e rolou o primeiro beijo.

Frequentemente tenho dado por mim a mergulhar em devaneios que viajam até ti e desenham imaginariamente o teu rosto, as nossas carícias e as nossas conversas vêem ao meu pensamento e dou por mim a sorrir com o olhar parvamente. Sinto que há uma ligação especial entre nós, há algo em ti que me cativou e faz sentir ansiedade de estar contigo.

Confesso que essa noite mudou o rumo aos meus dias. Não me quero precipitar nem envolver sentimentalmente mas transparece de mim o gosto colossal de estar contigo. A minha mente está como um labirinto, quero-me deixar levar, mas por outro tenho receio de me envolver sentimentalmente demasiado. Por isso, tenho naufrado em incógnitas, em "se's" e em "porquês".  Será que este avesso, pode ser o lado certo? Não sei. Contudo, a intensidade dos nossos momentos, está a dar respostas a questões que não coloquei em primeiro plano.

Está tudo a proporcionar-se tão velozmente e isso assusta-me mas ao mesmo tempo abraça-me e faz-me sorrir, desejar ainda mais. Não procurava. Por enquanto está tudo controlado. Admito que tenho criado uma espécie de uma "barreira" que me faz esconder, por agora prefiro assim, ser talvez um mistério para ti.

Gosto do facto de seres espontâneo e sincero e tenho pleno consciência que não és rapaz para compromissos, porém tens me tratado como uma princesa. Não quero que me prometas o mundo; apenas quero que não maltrates este coração que em tão pouco tempo tu estás a saber roubar-lhe atenção.

  Os meus pensamentos mais se parecem um nó de linhas ou a um novelo de lãs. Apesar de termos mundos diferentes; eu quero-te no meu. Não quero mudar-te; não quero te de adaptes a mim ou à sociedade; quero apenas estar do teu lado. Apesar de tudo; dás-me estabilidade. Era isso que procurava e por isso estou tão assustada. De facto é verdade; quando menos se espera; tudo acontece. Somente trocamos carícias; traduzidas em beijos calorosos; num toque intenso; num abraço apertado; num entrelaçar dos dedos; na troca de olhares. É tão bizarra esta situação. Será paixão? Temo-la; não quero magoar novamente o meu coração. Nunca fui da opinião que existem pessoas certas; sempre acreditei que existe sim pessoas que conseguem proporcionar tudo em nós. Porém; não vou afirmar que és o rapaz ideal; contudo; sinto que somos uma espécie de almas-gêmeas; é como estivesse predestinado; que a mente ficaria bagunçada e eu viveria com receio de ficar apaixonada. Não sei o que é isto; também não procuro definir o que estou a sentir. Reconheço apenas que é um mistério alquímico; uma química extraordinária… Sei que este este medo de estar a querer estar perto de ti; é talvez o maior inimigo do que pode ou não acontecer. Tenho medo de me apaixonar; de me dar de corpo; alma e mente. Tenho medo de que pela primeira vez não saiba separar momentos de sentimentos. Tenho medo de me entregar; de não saber lidar com o futuro; a rotina; o compromisso; de falhar. Tenho medo de te deixar até ir. Tenho medo de desperdiçar esta sensação. Tenho medo de te amar e de me deixar amar.Os impulsos do coração não se controlam; não são educados como a nossa conduta moral; era tão bom que assim fosse… Eu sei; eu sempre soube que não escolhemos a pessoa de que gostamos ou talvez como queríamos gostar. Apenas gostamos ou amamos tal como podemos e sentimos; por vezes contra a nossa vontade; remamos a desfavor das marés; rodamos os ponteiros do relógio; mudamos de rua; não passamos na passeira ou simplesmente andamos no sentido contrário do sopro do vento. É um mistério quando a paixão começa a habitar no nosso coração. Não é uma escolha feita por nós; simplesmente acontece e a quem menos lhe pede prece. Ela é uma força superior que transparece tudo aquilo que sente no nosso interior. Há quem a defina como destino; outros como química. Para mim… hoje… apenas quero cumprir como sempre o meu dilema …carpe diem …Sabes; gosto de olhar os teus olhos e ver-me reflectida no brilho deles. Gosto de sentir o toque das tuas mãos percorrendo o corpo e o rosto. Gosto de ouvir o ritmo inquietante dos impulsos do teu peito. Gosto quando os nossos lábios se unem atrevidamente. Gosto quando os nossos olhares se cruzam. Gosto quando o cheiro da tua pele fica imbuído nas minhas mãos. Gosto de estar perto de ti.Não procuro em ti o amor da minha vida; mas tenho plena consciência que já fazes parte dela.Este enorme desejo; é intenso e ao mesmo tempo tão sensível; tal como as folhas do Outono. E se vier a transformar-se em qualquer sentimento; sei que será verdadeiro e temo que se torne num amor derradeiro.Sei que procuras em mim uma fonte de diversão mas reconheço que também sentes o mesmo medo… que se torne numa paixão… que não consigas também controlar os impulsos do teu coração. Mas tu não estás a ter medo de arriscar. Eu estou. Tenho medo de me aventurar. Eu tenho medo de ti gostar.É ingénuo acreditar que poderei viver contigo uma relação de diversão; sem criar dependência de ti; do teu cheiro; do teu corpo e sobretudo do teu humor. O meu espírito e o meu coração podem-se habituar a ti e tenho receio que essa rotina mude o caminho do meu dilema.

Só sei que se a situação se mantiver, corres o risco de virar tentação e irei levar isto como uma diversão para não magoar o coração (...).